Associação dos Designers Gráficos do DF ✦ 𝗖𝗹𝗶𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗾𝘂𝗶 𝗲 𝗮𝘀𝘀𝗼𝗰𝗶𝗲-𝘀𝗲! ✦ Associação dos Designers Gráficos do DF ✦ 𝗖𝗹𝗶𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗾𝘂𝗶 𝗲 𝗮𝘀𝘀𝗼𝗰𝗶𝗲-𝘀𝗲! ✦

E eu com isso?


Assunto sério! Sempre que você se depara com questões que merecem a sua atenção, como você se comporta? Eu prefiro observar o jogo, entender as regras, compreender os participantes e depois… só depois mesmo, quero mudar o mundo!

Pois é… já vivi aproximadamente 64% do total da expectativa de vida de um brasileiro, ou 85% do total da expectativa de vida de um somaliano (Veja sua posição neste ranking: Expectativa de Vida – Indicadores de Desenvolvimento Mundial e faça suas continhas). Resumindo, tenho uma certa experiência de vida que me permitiu chegar até aqui pensando que tive mais acertos do que erros.

Lições mais marcantes foram adquiridas com os erros. Um destes erros me faz escrever este texto. O pensamento que eu tinha com relação à questões que não tinham ligação direta comigo. Eu sempre pensava: “E eu com isso?”. Não pensava de uma forma que me permitisse a análise e que chegasse à resposta, mas sim uma pergunta para chegar a uma resposta rápida que me desviava de uma ação.

Ao ter a oportunidade de morar por aproximadamente 2.102.400 minutos na Finlândia, cursando doutorado numa das mais renomadas universidades de design do mundo, convivendo com outra pesquisadora e acompanhando o crescimento de nosso filho, pude alterar o posicionamento frente à pergunta “E eu com isso?”. Fomos submetidos à um assunto que desconhecíamos totalmente àquela época e que conquistou nossas mentes: Combate à doenças tropicais, redução da Tuberculose e prevenção do HIV/AIDS.

Este assunto despertou uma questão: Como podemos aperfeiçoar a relação que as pessoas têm com seus problemas, por meio do design?

Pudemos atender à várias demandas da comunidade atendida pela pesquisa e propiciar a criação de centenas de soluções estabelecidas em parceria importantíssima entre a população, agentes comunitárias, designers, infectologistas, profissionais de arquitetura, química, enfermagem, medicina, psicologia, serviço social, entre outras peças de um jogo extremamente complexo.

E eu com isso? Identifiquei o real papel do design ao ter uma visão embasada pela sociologia e antropologia para se colocar no lugar do “usuário”. Entendi o real conceito de empatia, não a empatia que está na moda, que as pessoas dizem entender ao ler um post no Facebook.

A empatia permitiu a nós, participantes da pesquisa, compreender que as soluções têm de ser pensadas de acordo com a necessidade dos seres a que se destinam e que a tecnologia é que tem que se adequar aos requisitos do ser humano e não ao contrário. Como diz minha nobre professora Dra. Júlia Abrahão¹, “o ser humano não é a variável de ajuste!”.

No momento em que alguém, querendo atuar como designer, inicia seus estudos para compreender a demanda apresentada deve se conscientizar da necessidade de imaginar que suas ações contribuem direta ou indiretamente para a formação de nossa realidade.

A elaboração de soluções de design que auxiliem na solidificação da identidade de uma empresa, um serviço, ou um conceito, vão mudando nossa vizinhança, construindo valores, estabelecendo éticas, determinando expectativas que vão guiar a forma como nossa cidade funciona e nosso país atue. Nossas crianças vão acompanhando estes exemplos e agindo de forma semelhante.

Por isso, se você quer ter um país melhor, desafio você que está lendo este texto a se colocar num papel que colabore para o seu futuro. Seja atuante e escolha a frase que proporcione esta mudança: E eu com isso? O que posso fazer para ser a mudança que eu desejo? Apenas reclamar, não adianta! Faça parte de um grupo de pessoas que compartilham de seus valores, faça pressão para a mudança!


1 Professora Júlia Abrahão orientou meu trabalho de mestrado no Instituto de Psicologia na Universidade de Brasília. Profunda conhecedora da ergonomia, despertou em mim a necessidade de entender o ser humano e as variáveis que afetam o seu desempenho. http://lattes.cnpq.br/6031008181034694

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